A kind of Magic
Fazer música faz parte de uma lista gigantesca de magias inexplicáveis. Complexo, até mesmo para aqueles que dela respiram há tempos. O impressionante é que sempre que falo sobre esse tema, me envolvo em discussões intermináveis - dignas de filósofos de boteco. Nesse embate entre razão e emoção, o consenso é uma batalha perdida antes mesmo de começar.
No campo da música, muitos acreditam que a técnica e o conhecimento são os caminhos para um “som de qualidade”. Outros dizem que é a inspiração, ou dom, ou alma - essa sim - a fonte inexorável da criatividade humana. Mas será mesmo que o segredo da criação musical é algo tão simples que caberia em uma mera dicotomia?
Certa vez, ouvi dizer que sabemos muito mais do que conhecemos. Lembro que ao escutar isso, tentei imaginar como seria possível um saber sem o conhecer. Impossível? Porém, a diferença entre essas palavras é bem mais sutil do que a nítida semelhança entre seus significados.
De certo modo, sabemos muito mais do que conhecemos e, talvez, seja esse o segredo para muitas das perguntas que tentamos, sem sucessos, responder. Aprendemos mesmo quando achamos que não. Aprendemos a cada instante que passa e julgamos como desperdiçados. As experiências se impregnam em nossos corpos e mentes deixando marcas as quais nem fazemos idéia que existem.
É comum e, se olharmos com mais calma, impressionante a quantidade de pessoas que fazem coisas extraordinárias sem ter o “conhecimento” que o mundo lhes impõe como necessário.
Embora seja difícil romper esse culto à razão do imaginário das pessoas, que, pelo menos, fique aqui a lição através da música. Uma linguagem universal, que pode ser falada (e muito bem falada) por “analfabetos”. Nesse campo, a sensibilidade canta tão alto quanto a razão e, na prática, coexistem sem maiores conflitos.
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