ou Amsterdã: o maior puteiro do mundo
Não é de hoje que a prostituição tem destaque internacional em Amsterdã. De fato, desde 1275, quando o povoado começava a se formar, que os marinheiros que chegavam ali pelo rio Amstel sabiam bem quem lhes ia dar as boas vindas. Inclusive, uma das teorias para que o Bairro da Luz Vermelha tenha esse nome é a de que as putas iam até o porto segurando lampeões avermelhados.
Até antes da dinastia dos Orange, Amsterdã era uma cidade católica. E sabe onde as putas costumavam ficar? Pois justo atrás da catedral mais antiga da cidade. E era bom que estivessem ali, porque, após pecarem, os cidadãos davam a volta naconstrução e iam pagar, literalmente, pelos seus pecados. (Esta igreja, hoje um centro de exposições, está dentro do Red Light. Na citada rua de trás, atualmente funciona uma creche. Há algum tempo, uma jornalista inglesa parou lá na porta e perguntou às criancinhas se elas sabiam o que se passava alí nos arredores; uma garotinha respondeu: os nossos professores disseram que essas mulheres que tão nas vitrines vendem beijos!). A segunda teoria quanto ao nome, tem a ver com a prostituta bíblica Raab (Josué, cap. 6), que teria ajudado os hebreus a invadirem Jericó e teria posto uma fita vermelha na porta de sua casa, para que a família fosse poupada.
Uma terceira teoria diz que, na época em que a prostituição foi proibida pelos Orange, criaram-se cassinos para disfarçar os cabarés. E esses cassinos-puteiros tinham uma luz vermelha à porta, diferente dos cassinos normais, que tinham uma luz branca.
A quarta teoria tem a ver com a época em que Luis Bonaparte, irmão de Napoleão, foi rei dos Países Baixos. Conta-se que após ter perdido uma batalha pela sífilis que infestava seus soldados, Napoleão ordenou que as putas fizessem visitas periódicas ao médico, e este marcaria um ponto vermelho nos, digamos, cartões de saúde daquelas que estivessem livres de DSTs.
Mas, no fim das contas, a prostituição tolerada, as senhoras começaram a se postar diante das janelas de suas casas, com as pernas um pouquinho à mostra e as cortinas um pouquinho abertas. Daí, o processo de encurtamento das roupas e das cortinas foi seguindo os ditames dos costumes ocidentais, e hoje as pequeninas cortinas, quando fechadas, só servem para indicar que a vitrine está vazia ou que a dona dela está em serviço.
Cuidado ao escolher a sua moça. Há certos códigos que podem pôr os incautos em maus lençóis. Vejamos: todas as vitrines têm luzes vermelhas, mas algumas têm uma luz violeta, e isso é um sinal de que aquela dali é especialista em sado-masoquismo. Já as que têm algum tom de azul são reservadas aos travestis.
A coisa funciona assim: você estabelece contato visual com a elegida, e se ela se interessar por ti, abrirá a porta (que só abre por dentro). Cada quartinho é equipado com um lavabo, para o cliente fazer suas abluções, e uma cama ou sofá. O preço, em geral, é 50 euros (1€ = 2,7 reais aprox.) por 15 minutos "no paraíso". O tempo é marcado no cronômetro do celular ou com três canções de rádio. Neste ínterim, você terá direito a sexo oral e penetração por trás -- assim, elas não terão que estragar a maquiagem nem olhar para a cara do cliente. E ai de você se se deixar levar pelos hormônios e me inventar de tocar-lhe o peito ou mudar de posição sem prévio acordo. Cada falta dessas custa 50 euros, e não adianta reclamar, porque ali, na cabine, está escondido também um alarme que ressoa em todo o bairro, e imediatamente a polícia e mesmo algumas colegas de trabalho aparecerão para defender a moça. Tá pensando o quê? Elas pagam impostos!
E pra quem manteve a seguinte pergunta -- e por que não há homens na vitrines? -- no ar até então, satisfaço vossa curiosidade: Tentou-se. Mas, no primeiro dia de trabalho, um batalhão de repórteres foi para frente das vitrines, ver quem seria o/a primeiro/a cliente, e ninguém apareceu. Além do mais, convenhamos, expôr as vantagens do seu produto numa jornada de oito horas não é tão fácil para os homens, não tem Viagra que chegue. Assim, que eles existem, sim, mas é preciso procurar noutros lugares.
Espero que o tom em que foi escrito este texto não me acuse de machista insensível ou algo do gênero. Deixemos de hipocrisia: prostituição é como mercado de carne, mesmo, e se elas estão ali, é porque essa lhes pareceu a melhor forma de ganhar a vida. Entrar no jogo e sorrir-lhes é agir com respeito, porque, na minha opinião, o que mais machuca aquelas mulheres são os olhares de reprovação, quando não de desprezo, que alguns turistas lhes lançam.