outubro 18, 2007

A noite passada, Maracanã e festa

Eu Cirilo Hamilton estou desde ontem em São Paulo para a cobertura do GP Brasil de F1. Logo não pude escrever sobre jogo de ontem do Brasil, mas diante da imensidão do fato. Trouxe a você amigo Rezboense as palavras do comentarista Lédio Carmona :

"Faça um esforço. Não é querer ser Polyanna. Juro que não. Esqueça quem manda (ou desmanda) no futebol brasileiro. Não, não esqueça. Deixe um pouco de lado. Talvez até amanhã, quem sabe. Dê uma arquivada naquele famoso erro de arbitragem contra o seu time e o abrigue em seu disco rígido. Jogue na lixeira da sua máquina o mau humor, culpa desse dia-dia sórdido no qual vivemos. O futebol ainda pode nos ajudar a ser feliz. Ou, quem sabe, ficar mais leve. O que aconteceu ontem à noite, no Maracanã, deve ter memória livre em nossos HDs íntimos. Foi mais uma noite (já tivemos algumas tardes e até uma manhã em 2007 – lembra das meninas?) no qual a maior paixão popular perpetrou um mutirão social admirável.

Brasil 5 x 0 Equador. O que menos importa é o resultado. Até importa, diga-se de passagem. O adversário não é uma baba, como a velha tendência do marrabol gosta de pintar. Tem, sim, uma equipe um pouco envelhecida e que tem dificuldade impressionante para fazer gol. Mas é um grupo competente, experiente, com bom toque de bola e que evoluiu muito nos últimos anos. Tanto que, até os 26m do segundo tempo, estava apenas 1 a 0, gol de Vagner Love, ainda na primeira etapa, após toque de craque de Robinho, um avanço impressionante de Maicon pela lateral-direita. Como deve jogar um lateral (faça isso sempre, Maicon!), ele cruzou e Vagner Love, em sua melhor atuação pelo Brasil, fez 1 a 0.

"O Brasil era meio lento. Um time extremamente seguro atrás, com uma defesa séria, muito bem montada e que passa incrível confiança ao time, mas um pouco lento e previsível do meio para a frente. Até porque a saída de bola não era perfeita. Mas a previsibilidade começou a mudar aos 26m. Kaká deu um chute fraco e Ronaldinho Gaúcho, consciente, só desviou: 2 a 0. O terceiro foi de placar: Kaká recebe de fora da área, olha para o gol e bate com estilo, no ângulo: obra-prima. Obra prima? Teve mais... Robinho deveria ter posto ontem mesmo seu pé na calçada da fama do Maracanã. Foi de arrepiar o que ele fez com De La Cruz. Humilhante. Pedalada, entortada, drible de letra... De chorar. E, no rebote, gol de Elano. E ainda teve o gol de Kaká (ou o frango de Viteri) num lance marcado pela comemoração sem jeito. Kaká é tão fidalgo que ficou sem graça com a gafe do péssimo (e terceiro) goleiro equatoriano.



Foi uma grande festa. A atuação foi boa mesmo após o segundo gol. Mas o reencontro do povo com a Seleção no Rio merece aplausos. Química pura. Casa cheia. Gente feliz. Atmosfera de almanaque. Foi mais uma noite feliz. Repito: o brasileiro gosta muito de futebol. Esse ano se tornou um fenômeno. Estádios cheios, torcedores emotivos e criativos... Há algo no ar... E não são apenas os absurdos dos cartolas, os erros dos árbitros e nossa mania de puxar a brasa para as próprias sardinhas.

A paixão está no ar. O futebol é do povo e ninguém tasca. Hoje tem Flamengo e Vasco, no Maracanã: 60 ou 70 mil? Quanto você acha?

Fenômeno."

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