março 05, 2008

Jogos do Poder

Por Davi Boaventura

Há dez anos, eu seria esbofetado por dizer que, em um filme com Tom Hanks e Julia Roberts, a única coisa que presta é o gordinho Philip Seymour Hoffman. Hoje, eu ainda corro este risco. No entanto, essa é a mais crua verdade. Se não fosse Hoffman e seu impagável Gust Avrakotos, Jogos do Poder (Charlie Wilson´s War, 2007) seria um filmeco de segunda.

A premissa é interessante. A película pretende contar a história do congressista texano Charlie Wilson. Cachaceiro, cocainômo e mulherengo, Wilson tem uma extensa lista de pessoas em sua mão à custa de troca de favores e participa de dois importantes sub-comitês do Congresso Americano (o mais importante, sem dúvida, é o que determina os gastos excusos com "defesa nacional" - vulgo, dinheiro para milícias que lutam contra o comunismo ao redor do mundo).

Inspirado pela sexta mulher mais rica do Texas (e, provavelmente, uma das mais promíscuas), Joanne Herring, e após uma visita pertubadora à um campo de refugiados afegãos no Paquistão, Charlie resolve colocar seu lado humanitário a serviço dos mujahadeen na luta contra os invasores soviéticos durante a década de 80. Com a ajuda financeira americana, os afegãos se fortaleceram e expulsaram os russos. No meio destes rebeldes, estava um certo Osama Bin Laden.

Charlie e Gust durante o primeiro encontro

Até aí, o filme é morno e fora um diálogo interessante ou outro, nada demais. Como disse nosso nobre colega, Lucas Cunha, um mero registro histórico. Neste momento, surge Hoffman e salva o que poderia ser dinheiro jogado fora. Indicado para o Oscar® por este papel, o gordinho só comprova o que já tinha mostrado em Magnólia, Missão Impossível III, Quase Famosos e Capote (pelo qual, ganhou a estatueta dourada): ele é um ator do cara***! Sem maneirismos desnecessários, ele faz você amar e odiar seu "agente do Departamento de Agricultura". Deviam fazer um filme sobre Gust e não sobre Charlie Wilson.

Hanks e Roberts não fazem mais do que um casal apático

Tom Hanks e Julia Roberts pouco importam no meio de tudo isso. Não fazem mais do que passar 1h37 no piloto automático. Sem falar que Hanks repete o cabelo ridículo que ele já havia mostrado em O Código Da Vinci (para o azar dele, as madeixas do verdadeiro Charlie são tão horríveis quanto). Se a sessão de Rambo IV já estiver cheia, dê uma passada em Jogos do Poder.

Mas depois não reclame que não lhe avisamos...

Trailer:

Um comentário:

Xumiuchoa disse...

Olhe Daizão,
Se eu tivesse a certeza de que girar pelo mundo, vendo gente e escrevendo sobre ia me garantir algo, a Facom não ia ver minha cara tão cedo (pior que voltando pra lá acho que garanto menos ainda uahuahauhauha)...Mas valeu pelo comentário, vou lançar essa onda aqui nas indicações, se eu acertar como que faz uahuahu