setembro 03, 2007

Como se dá oi de novo?

Você está numa exposição, ou numa festa, no shopping, em qualquer lugar, e cruza com aquele amigo (ou amiga) que não vê há dias ou há anos. Cumprimentos, um dedo de prosa, cada um vai pro seu lado. Você continua circulando e, daqui a pouco, está à frente dele (ou dela) novamente. Como agir? As opções são muitas: podem trocar sorrisos, trocar olhares significativos, daqueles com sobrancelha erguida, novos apertos de mão, um tapinha no ombro (um beliscãozinho no pneuzinho abdominal, no caso dela), ou podem simplesmente fingir que não se viram.

Eu nunca sei o que fazer. O simpático leitor, a bonita leitora devem estar agora pensando que, ora, tudo depende do grau de intimidade que se tem com a outra pessoa, mesmo porque — hão de argumentar alguns —, se alguém e tão íntimo a ponto de você dar um beliscãozinho no abdômen dele, deve ser íntimo também para você convidar a continuar a seu lado durante a exposição, a festa ou o passeio pelo shopping. Refuto este argumento dizendo que sou baiano, e caso ele não signifique nada para você, trago à luz a seguinte situação: você está com sua namorada e encontra sua ex com o novo namorado, e aí?, tem coragem de manter o duque?

Como eu dizia, nunca sei direito como agir. E cada reencontro desse tipo me enche de angústia e me faz ter a certeza de que, se eu pudesse escolher um poder de X-Man, seria o de ficar invisível (e olha que essa é uma das minhas maiores dúvidas existenciais). Lá está a pessoa outrora cumprimentada. Eu estou indo ao bar, ela está voltando. Olho imediatamente para ver se existe a possibilidade de desviar a rota. Porra!, não há! Ok, prossigamos, tem muita gente indo e vindo, talvez eu possa despistar ficando atrás deste grandalhão aqui. Mas que merda, grandalhão, volte, eu pago a sua cerv — Ahn… er… o-oi de novo…

Felizmente, existem aqueles que sabem dominar invejavelmente bem situações assim. Eu mesmo tenho uma conhecida que é mestra na arte de passar e fingir que não viu, o que, se me alivia por um lado, confesso que me deixa meio ressentido também, com a sensação de ter sido esnobado. É por isso que eu evito ao máximo usar essa estratégia, e acabo dando uma de chato. Uma vez eu estava no clube e, embarreirando a entradinha para a piscina, um amigo tentava ganhar uma garota. Aparentemente não estava se saindo muito bem, de longe eu via as longas pausas, a cara de enfado dela e mesmo uma dissipada fumacinha pairando sobre a cabeça dele, típica de cérebro procurando assunto pertinente para seduzi-la. Eu já o tinha cumprimentado um milhão de vezes naquela tarde, sempre esfuziantemente. Portanto, não hesitei em concluir que a melhor solução seria apertar sua mão mais uma vez, o que inclusive o aliviaria da tensão da iminência de um insucesso e lhe daria mais tempo para pensar em algo.

Mal dei-lhes as costas, ouvi:

— Esse cara é maluco, se ele me vir vinte vezes, me aperta a mão vinte vezes! — No que ela caiu na risada.

Outra vez humilhado por não saber dar oi de novo, pensei. Que bom que, pelo menos, eu ajudei meu amigo a cativar uma garota.

2 comentários:

Mademoiselle Sirop disse...

hauhauhauhauhua... tadinho!!Eu te entendo! Minha técnica involuntária é levantar suavemente as sobrancelhas e arregalar levemente os olhos, às vezes, ainda tem um apertar dos lábios pra dizer de forma muda:"É... que merda!" Dessa forma nunca fiquei no ar, a resposta sempre foi similar.

Mudando de assunto... por que raios o abreparentese não está na lista de sites porretas do Rezboa??

Breno Fernandes disse...

Obrigado, Mademoiselle!
Eu sempre quis perguntar isso, mas nunca tive coragem.
=D