setembro 01, 2007

Uma pirueta, duas piruetas, bravo, bravo

por Breno Fernandes

Mesmo faltando mais de um mês para a primavera, os últimos dias haviam sido bastante quentes em Salvador. Naquela sexta-feira, os termômetros espalhados pela cidade indicavam 29°C.

- Que calor, hein? - comentou o treinador, logo ao chegar ao ginásio, enquanto apertava a mão de José Antonio.

Por sorte, a academia ficava em frente ao mar, num galpão de tamanho razoável no segundo andar do Colégio Integral, no Jardim dos Namorados. A brisa marítima ajudava muito a amenizar a temperatura lá dentro.

Ali, ao lado do tradicional barzinho Caranguejo de Sergipe, que logo mais estaria lotado de gente a fim de beber e conversar, e da badalada boate Fashion Club, que, por sua vez, às 22h atrairia centenas de jovens para beber, dançar, se drogar e transar numa festa intitulada Blackout Fashion, onde as únicas fontes de luz seriam pulseirinhas fluorescentes distribuídas na entrada - ali ao lado, às segundas, quartas e sextas, treinam os poucos integrantes da única academia de ginástica olímpica da Bahia, a Olímpica Esportes, propriedade de Ana Paula Gonçalves, Ana Cristina Gordilho e Luiz Eduardo de Andrade e Silva, justamente o treinador que acabara de entrar comentando sobre o tempo.

Ao contrário dos outros dois dias, nos quais o treino ia das 16h às 19h, as sextas eram mais leves, das 15h às 17h, e reservado para os membros da equipe representante - oito no total. Mas naquela sexta, 11 de agosto, só três integrantes compareceram: Carol Alves, 11 anos (oito de ginástica olímpica); Paulo Macena, 13 anos (dois de ginástica olímpica) e José Antonio Lima, 19 anos (11 de ginástica olímpica).

José Antonio de Carvalho Lima Filho, ou Zé, como é chamado por lá, mede 1,62m e tem rosto de pré-adolescente, com destaque para os cabelos finos e o nariz afilado. Por isso, o apelido de infância, que ele adora e pelo qual prefere ser tratado, lhe cai tão bem até hoje: Mion.

- Na primeira série, eu era muito menor que os outros. Uma professora de educação física dizia que eu era todo pequenino e fofinho, que nem um filé mignon. Aí pegou. No começo eu não gostava, mas foi só até tirarem o Filé - conta ele, dando uma gostosa risada.

Mion não somente é o veterano-mor da casa, como o mais velho ginasta que ainda compete no estado, integrante da seleção da Federação Baiana de Ginástica.

- É que aqui, na Bahia, a ginástica olímpica tem pouca gente, e o nível é muito baixo - diz. Com muito mais prumo que modéstia, é essa mesma explicação que ele atribui ao fato de ser hexacampeão estadual - venceu em 98, 2001, nas duas edições de 2002, 2004 e em 2005, sendo que, com exceção do primeiro, onde faturou dois ouros e duas pratas, ganhou todas as medalhas de ouro nos campeonatos seguintes, e fala com convicção que só não ganhou nos demais anos porque não participou.


[leia a matéria na íntegra no Blog do Dez!]

Um comentário:

Mademoiselle Sirop disse...

Mi! Mi!

Um dos caras mais politicamente correto que eu conheço. Centrado, Mion consegue passar otimismo para todos a sua volta. Ao lado dele, temos a certeza que tudo vai dar certo.

Se ele tivesse apenas um terço das suas qualidades, eu ainda o amaria!

E pra ter um perfil feito pelo senhor Fernandes, tem que ser muito merecedor. E isso Mion é!

Ótimo perfil, excelente perfilado.