Sai oficialmente amanhã o novo disco dos Engenheiros do Hawaii, Novos Horizontes. É uma continuação do Acústico MTV, só que com mais canções inéditas -- 10 das 18.
Nos últimos 10 anos, acredito que o melhor disco dos Engenheiros tenha sido o ¡Tchau Radar!, de 1999. Humberto tem regravado mais do que feito coisas novas. E coisas com aquele cuidado minucioso em cada palavra de um verso e em cada nota da harmonia. Cito dois clássicos da banda que sintetizam bem o que eu quero dizer: Pose (Anos 90) e A Conquista do Espaço. Muitos dos últimos hits, como Dançando no Campo Minado, tinham como base quadras de rima ABAB e solos distorcidos de guitarra -- mais manjado, impossível.
Mas dar novas roupagens a antigos clássicos não é uma coisa ruim. Além de reavivar o brilho de canções eternas -- e aqui não podemos negar que os arranjos do Novos Horizontes estão melhores que os do Acústico MTV, a gaita falando muito mais --, permite à minha geração de fãs, que começou a gostar do som do grupo quando a Santíssima Trindade (Humberto, Licks e Maltz) já havia se desfeito, ao cantá-las no show, sentir emoção idêntica à que os antigos sentiam, mas com a sensação de que elas genuinamente nos pertencem, foram feitas pra nós. Este é certamente um dos fatores que não deixa a banda de um homem só morrer.
Quanto às novas canções, se não são um primor, não deixam de ser uma leitura crítica do nosso tempo. No meio de tudo, você é a minha preferida até então
(selva/ a gente se acostuma a muito pouco/ a gente fica achando que é demais/ quando chega em casa do trabalho quase vivo).
Ou talvez seja Coração blindado (fácil achar o caminho a seguir/ num mapa com lápis de cor/ moleza mandar a tropa atacar da tela do computador).
Eu diria que Não consigo odiar ninguém é a nova Dom Quixote (não vá dizer que eu estou ficando louco/ só por que não/ consigo odiar ninguém/ do goleiro ao centroavante/ do juiz ao presidente/ eu não consigo odiar ninguém).
Uma surpresa interessante é que as canções novas foram compostas em parceria com os outros membros da banda, Bernardo Fonseco (baixo), Gláucio Ayala (bateria), Fernando Aranha (violão) e Pedro Agusuto (piano) -- eu disse banda de um homem só?, pelo visto as coisas estão mudando (?). Clara Gessinger, numa voz menos adolescente e, infelizmente, menos fofinha, divide o vocal com o pai em A Onda e Parabólica. O saudoso Maltz dá o ar de suas baquetas em outra inédita, Cinza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário