Certa feita, lá pelos idos de 340 a.C., tentaram vender um cavalo xucro ao rei Filipe II, da Macedônia. “Pra que serve um cavalo se nenhum homem pode ficar em cima dele?”, redargüiu o rei. “Eu posso, pai”, disse seu filho de 15 anos. “Cala a boca, Alexandre. Você e sua mania de grandeza.” “Eu posso!”, insistiu o menino. O rei, então, o desafiou: Dome-o e será teu; do contrário, terás de pagá-lo. E não é que Alexandre conseguiu? O espertinho percebeu que o bicho se agitava quando via a própria sombra; assim, colocou-o contra o sol e voilà!
Foi o cavalo Bucéfalo o responsável pela expressão “ter medo da própria sombra”.
É com este bom humor que o carioca Reinaldo Pimenta, professor de português, escreveu os verbetes de A Casa da Mãe Joana [Campus, 250 p., R$54], que, como consta no subtítulo, relata as curiosidades nas origens das palavras, frases e marcas.
A expressão que dá nome ao livro, saiba você, surgiu no início do século XII, na cidade francesa de Avignon, então de propriedade de Joana I, rainha de Nápoles. Joana teve a progressista idéia de regulamentar os bórdeis. Dentre as medidas que estabeleceu, obrigou-os a terem uma porta por onde todos entrariam. Assim, cada prostíbulo ficou conhecido como paço da mãe Joana, com o sentido de uma casa que está aberta a qualquer um. A expressão viajou até Portugal e veio para o Brasil, onde a palavra paço, de uso pouco popular, foi substituída por casa.
O livro fez tanto sucesso que ganhou um volume II, muito menos hilário que o primeiro, mas igualmente interessante. De toda sorte, ambos são ótima leitura de banheiro, de viagem ou de sala de espera. Fácil, rápida e divertida.
[publicado no Dez! em 21/08]
2 comentários:
Engraçado, pra mim "Bucéfalo" era quem só pensava em chavasca. Vejo até as raízes etimológicas dessa palavra.
Putz muito bom!
Sempre quis saber quem era a pobre Joana. na casa dela pode tudo!
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