Sobre "Como Almodóvar"
Uma simples avaliação de um incipiente aspirante a jornalista, cinéfilo de fim de semana e ator amador.
Ontem, na Sala de Coro do Teatro Castro Alves, assisti a peça "Como Almodóvar", um divertido passeio à filmografia do aclamado cineasta Espanhol, Pedro Almodóvar, autor de sucessos como "Tudo sobre minha mãe", "Carne Trêmula", "Volver", "Fale com ela" entre outros. O Espetáculo adulto faz parte da formatura dos alunos de Interpretação da Escola de Teatro da UFBA e o texto é de Cláudia Barral, autora baiana considerada um dos novos talentos dramaturgos, ganhadora do prêmio Funarte de Dramaturgia de 2003.
Eu não posso omitir o fato de que fiquei bastante receoso ao saber da peça, me indaguei como poderiam relacionar personagens tão adversos em um só drama, sem que ficasse nebuloso para a compreensão da platéia? Afinal, ao todo são 16 filmes de longa metragem acumulados na carreira de Almodóvar, longas estes que variam do melodrama com personagens densos e profundos, à comédia com personagens pitorescos e marcantes.
Antes de a peça começar, o cenário chamou-me atenção logo de cara, a decoração extravagante recheada de cores fortes é comum nos filmes. A produção acertou em cheio na ambientalização, a trilha sonora melancólica e envolvente e a iluminação, variando em tons amenos e pesados, aproximava de forma convincente a proposta da peça ao "almodovarismo" . Os personagens eram trabalhados como uma espécie de síntese de algumas figuras carimbadas dos longas, isso de alguma forma facilitou a compreensão do público que desconhecia, de um modo geral, a obra do cineasta, pois não precisavam necessariamente ter assistido os filmes para entender o enredo, mas ao mesmo tempo, incitava a curiosidade entre os fãs cinéfilos que se deliciavam fazendo inúmeras comparações.
Pronto, depois de pegar uma cadeira no fundo do teatro, pois estava lotado, consegui me acomodar para assistir a peça. O início foi bem enfadonho, as interpretações medianas de alguns atores não conseguiam prender a atenção e cheguei a desconfiar que seria um fracasso, mas o enredo desenvolve-se lentamente e o dinamismo, aos poucos, vai sendo alcançado. Um detalhe que observei, foi o respeito ao silêncio, muitas cenas são praticamente mudas, exigindo uma expressão corporal e facial mais trabalhada por parte dos atores para transparecer os momentos de tensão, felicidade, tristeza, desespero, tudo bem ao estilo Almodóvar. Personagens, como por exemplo a "Dolores", uma travesti caricatural que se auto intitula como "artista performática”, rouba a cena em diversos instantes da peça, arrancando gargalhadas incomensuráveis da platéia, ótima não somente pelo apelo humorístico, mas sim pela interpretação ímpar.
Em suma, a peça foi bem fiel à visão novelesca de Almodóvar e conseguiu, surpreendentemente, agradar a todos, desde os fãs dos longas às pessoas que nem se quer assistiram um filme do cineasta.
Uma simples avaliação de um incipiente aspirante a jornalista, cinéfilo de fim de semana e ator amador.
Ontem, na Sala de Coro do Teatro Castro Alves, assisti a peça "Como Almodóvar", um divertido passeio à filmografia do aclamado cineasta Espanhol, Pedro Almodóvar, autor de sucessos como "Tudo sobre minha mãe", "Carne Trêmula", "Volver", "Fale com ela" entre outros. O Espetáculo adulto faz parte da formatura dos alunos de Interpretação da Escola de Teatro da UFBA e o texto é de Cláudia Barral, autora baiana considerada um dos novos talentos dramaturgos, ganhadora do prêmio Funarte de Dramaturgia de 2003.
Eu não posso omitir o fato de que fiquei bastante receoso ao saber da peça, me indaguei como poderiam relacionar personagens tão adversos em um só drama, sem que ficasse nebuloso para a compreensão da platéia? Afinal, ao todo são 16 filmes de longa metragem acumulados na carreira de Almodóvar, longas estes que variam do melodrama com personagens densos e profundos, à comédia com personagens pitorescos e marcantes.
Antes de a peça começar, o cenário chamou-me atenção logo de cara, a decoração extravagante recheada de cores fortes é comum nos filmes. A produção acertou em cheio na ambientalização, a trilha sonora melancólica e envolvente e a iluminação, variando em tons amenos e pesados, aproximava de forma convincente a proposta da peça ao "almodovarismo" . Os personagens eram trabalhados como uma espécie de síntese de algumas figuras carimbadas dos longas, isso de alguma forma facilitou a compreensão do público que desconhecia, de um modo geral, a obra do cineasta, pois não precisavam necessariamente ter assistido os filmes para entender o enredo, mas ao mesmo tempo, incitava a curiosidade entre os fãs cinéfilos que se deliciavam fazendo inúmeras comparações.
Pronto, depois de pegar uma cadeira no fundo do teatro, pois estava lotado, consegui me acomodar para assistir a peça. O início foi bem enfadonho, as interpretações medianas de alguns atores não conseguiam prender a atenção e cheguei a desconfiar que seria um fracasso, mas o enredo desenvolve-se lentamente e o dinamismo, aos poucos, vai sendo alcançado. Um detalhe que observei, foi o respeito ao silêncio, muitas cenas são praticamente mudas, exigindo uma expressão corporal e facial mais trabalhada por parte dos atores para transparecer os momentos de tensão, felicidade, tristeza, desespero, tudo bem ao estilo Almodóvar. Personagens, como por exemplo a "Dolores", uma travesti caricatural que se auto intitula como "artista performática”, rouba a cena em diversos instantes da peça, arrancando gargalhadas incomensuráveis da platéia, ótima não somente pelo apelo humorístico, mas sim pela interpretação ímpar.
Em suma, a peça foi bem fiel à visão novelesca de Almodóvar e conseguiu, surpreendentemente, agradar a todos, desde os fãs dos longas às pessoas que nem se quer assistiram um filme do cineasta.
Visitem o Blog da peça
http://www.comoalmodovar.blogspot.com/
Saiba mais sobre Pedro Almodóvar
Site oficial
Biografia
3 comentários:
Cecel... ótimo texto!! N assisti a peça!! Mas acho q soube transmitir bem atraves do texto o q viu!!
Bjosss
Me deu vontade de ver...será q eu vou gostar?
Bjo
Oi Marcel,
Gostei mto do texto. Está bem escrito. Parabéns!!! Concordo com as meninas, vc conseguiu transmitir, com um olhar crítico, as suas impressões da peça e principalmente despertar a vontade de conhecê-la naqueles que não foram assistir e acho que esta é uma das principais funções da crítica. =)
bju
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