agosto 13, 2007

No Teatro.

Sobre "Como Almodóvar"

Uma simples avaliação de um incipiente aspirante a jornalista, cinéfilo de fim de semana e ator amador.

Ontem, na Sala de Coro do Teatro Castro Alves, assisti a peça "Como Almodóvar", um divertido passeio à filmografia do aclamado cineasta Espanhol, Pedro Almodóvar, autor de sucessos como "Tudo sobre minha mãe", "Carne Trêmula", "Volver", "Fale com ela" entre outros. O Espetáculo adulto faz parte da formatura dos alunos de Interpretação da Escola de Teatro da UFBA e o texto é de Cláudia Barral, autora baiana considerada um dos novos talentos dramaturgos, ganhadora do prêmio Funarte de Dramaturgia de 2003.

Eu não posso omitir o fato de que fiquei bastante receoso ao saber da peça, me indaguei como poderiam relacionar personagens tão adversos em um só drama, sem que ficasse nebuloso para a compreensão da platéia? Afinal, ao todo são 16 filmes de longa metragem acumulados na carreira de Almodóvar, longas estes que variam do melodrama com personagens densos e profundos, à comédia com personagens pitorescos e marcantes.

Antes de a peça começar, o cenário chamou-me atenção logo de cara, a decoração extravagante recheada de cores fortes é comum nos filmes. A produção acertou em cheio na ambientalização, a trilha sonora melancólica e envolvente e a iluminação, variando em tons amenos e pesados, aproximava de forma convincente a proposta da peça ao "almodovarismo" . Os personagens eram trabalhados como uma espécie de síntese de algumas figuras carimbadas dos longas, isso de alguma forma facilitou a compreensão do público que desconhecia, de um modo geral, a obra do cineasta, pois não precisavam necessariamente ter assistido os filmes para entender o enredo, mas ao mesmo tempo, incitava a curiosidade entre os fãs cinéfilos que se deliciavam fazendo inúmeras comparações.

Pronto, depois de pegar uma cadeira no fundo do teatro, pois estava lotado, consegui me acomodar para assistir a peça. O início foi bem enfadonho, as interpretações medianas de alguns atores não conseguiam prender a atenção e cheguei a desconfiar que seria um fracasso, mas o enredo desenvolve-se lentamente e o dinamismo, aos poucos, vai sendo alcançado. Um detalhe que observei, foi o respeito ao silêncio, muitas cenas são praticamente mudas, exigindo uma expressão corporal e facial mais trabalhada por parte dos atores para transparecer os momentos de tensão, felicidade, tristeza, desespero, tudo bem ao estilo Almodóvar. Personagens, como por exemplo a "Dolores", uma travesti caricatural que se auto intitula como "artista performática”, rouba a cena em diversos instantes da peça, arrancando gargalhadas incomensuráveis da platéia, ótima não somente pelo apelo humorístico, mas sim pela interpretação ímpar.


Em suma, a peça foi bem fiel à visão novelesca de Almodóvar e conseguiu, surpreendentemente, agradar a todos, desde os fãs dos longas às pessoas que nem se quer assistiram um filme do cineasta.


Visitem o Blog da peça
http://www.comoalmodovar.blogspot.com/

Saiba mais sobre Pedro Almodóvar
Site oficial
Biografia

3 comentários:

Anônimo disse...

Cecel... ótimo texto!! N assisti a peça!! Mas acho q soube transmitir bem atraves do texto o q viu!!
Bjosss

0 disse...

Me deu vontade de ver...será q eu vou gostar?
Bjo

Aline disse...

Oi Marcel,
Gostei mto do texto. Está bem escrito. Parabéns!!! Concordo com as meninas, vc conseguiu transmitir, com um olhar crítico, as suas impressões da peça e principalmente despertar a vontade de conhecê-la naqueles que não foram assistir e acho que esta é uma das principais funções da crítica. =)
bju